domingo, 12 de agosto de 2012

A disposição das palavras na língua portuguesa


empre que nos propomos a descrever acerca de um determinado fato linguístico, servimo-nos de alguns exemplos, haja vista que tal procedimento parece facilitar ainda mais nossa compreensão. Dessa forma, analisemos o que se apresenta demarcado abaixo:
O aluno respondeu à questão calmamente.
No que diz respeito à ordem como se encontram dispostos os elementos que compõem a oração, temos, respectivamente:
Sujeito – o aluno
Respondeu à questão – predicado
Calmamente – complemento
Inferimos tratar-se do que chamamos de ordem direta das palavras.
Contudo,caso resolvêssemos mudar tal ordem, obteríamos como resultado:
Calmamente, o aluno respondeu à questão.
O aluno, calmamente, respondeu à questão.
Constatamos que a ordem, uma vez alterada, em nada modificou o sentido do discurso, da mensagem.
Tal fato significa dizer que a língua que falamos nos oferece uma gama de possibilidades, de modo a efetivarmos nossas intenções comunicativas da melhor forma possível. Nesse sentido, cabe afirmar que por se tratar de uma diversidade de colocações, não significa admitir que podemos fazer uso delas a esmo, de qualquer maneira. Ao contrário, há alguns princípios básicos de colocação que regulamentam o bom uso que devemos fazer do idioma que falamos, estando eles relacionados a alguns aspectos, tais como:
* Harmonia da frase;
* Clareza do significado;
* Expressividade ou efeitos estilísticos.
Assim, com base em tais pressupostos, analisemos algumas das colocações de que falamos anteriormente:
Colocação e harmonia
Partindo do princípio de que as palavras das quais fazemos uso resultam da combinação de sons, não raras são as vezes que, ao pronunciá-las, o som produzido não se perfaz de uma boa qualidade.
Ele não entregará-me a encomenda.(Constatamos que o uso da ênclise, em se tratando desse caso, além de não ser permitida, ainda provocou um som não muito agradável, em virtude da junção do verbo com o pronome oblíquo).
Assim, no intuito de promovermos essa harmonia sonora, reiteramos:
Ele não me entregará a encomenda.
Colocação e expressividade
Não raro ocorre que, em virtude do efeito que o emissor deseja causar mediante o discurso que profere, opta por conferir mais expressividade às palavras. Assim, dependendo da colocação em que se encontram dispostas as palavras, o sentido a elas atribuído passa a adquirir conotações distintas, como é o que ocorre em:
Você é um grande homem.
Você é um homem grande.
Constatamos que a simples colocação do adjetivo confere ao discurso intenções comunicativas distintas.
Colocação e clareza
Dependendo da colocação em que se encontram demarcadas as palavras num determinado enunciado, a clareza do discurso poderá ficar completamente prejudicada. Tal fato resulta num fator de não textualidade, ora denominado de ambiguidade. Assim, para que possamos conferir acerca de tal ocorrência, analisemos o enunciado abaixo:
O carro atropelou uma pessoa correndo pela calçada.
Não sabemos ao certo se quem estava correndo era a pessoa que foi atropelada ou se foi o carro. Em razão desse aspecto, retifiquemos o enunciado, de modo a torná-lo claro:
Correndo pela avenida, o carro atropelou uma pessoa.
Colocação e significado
Uma mesma palavra, a depender do contexto em que se encontra expressa, pode revelar sentidos também distintos, como é o ocorre nos dois enunciados que seguem:
Ela não lhe revelou segredo algum. (sentido negativo)
Ela lhe revelou algum segredo? (sentido positivo)

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