O vento
O único de casa que enxerga o vento é o cachorro.
Detém-se a porta da cozinha, rosnando para o pátio ventando, cheio de latas inquietas e papeis decididamente malucos
E nos seus olhos fixos e rancorosos vê-se o desvario do vento, a incurabilidade do vento, os seus cabelos em corrupio, os seus braços que parecem mil, os seus trapos flutuantes de de espantalho, toda aquela agitação sem causa e que é ainda menos instável, no entanto, que a terrível desordem da sua cabeça: pois o vento nunca pode assentar as ideias.
(Mario Quintana.Prosa & Verso)
Nenhum comentário:
Postar um comentário